Uma história de adaptação escolar com ajuda de uma equipe multidisciplinar está fazendo a diferença no dia a dia na escola e em casa do menino Vítor Cargnelutti, de seis anos. Quando Vítor começou a frequentar o Centro de Excelência em Recuperação Neurológica (CERNE), com o auxílio de seus terapeutas, seus professores e coordenadores aprenderam a fazer as adaptações necessárias para que o garoto acompanhasse melhor as aulas.
“Na avaliação do Vítor, percebemos que ele tem dificuldade para seguir um objeto com os olhos e visualizar objetos no campo visual periférico”, explica a terapeuta ocupacional Thaysse Ferreira. Vítor havia sido diagnosticado pelo oftalmologista com estrabismo e ptose palpebral, o que afeta algumas funções da visão.
Usando a terapia com tampão, plano inclinado e objetos luminosos, a resposta visual do menino tem melhorado. O manuseio de objetos é feito com anteparo para facilitar a diferenciação de cores.
Com isso, a estimulação visual, aliada a terapias que utilizam brincadeiras e à psicopedagogia, tem trazido resultados para a vida do menino, tanto em casa como na escola.
Adaptações na escola
Para comunicar essa complexidade visual e aprimorar o tempo do Vítor em sala de aula, Thaysse e outras terapeutas foram à escola. Para sua surpresa, foram recebidas por um comitê com todos os seus professores, coordenadores e o núcleo de ensino, que se reuniram para entender melhor o caso e trabalhar em equipe. “Mostramos a qual distância ele enxerga e até quantos centímetros consegue fixar o objeto”, ela conta.
Para melhorar essas condições, foi explicado que, quando a professora apresentar um livro ao Vítor, por exemplo, ele deve ter baixa complexidade visual, para depois, com o tempo, aumentar o nível de estímulos.
A posição de Vítor em sala de aula também foi modificada: além de ficar na frente, ele precisa ficar no meio da sala, para ter o melhor aproveitamento do resíduo visual. Os estímulos visuais também foram reduzidos, e a principal adaptação foi o uso do plano inclinado para favorecer a posição da cabeça. “A resposta dele é melhor quando o objeto é elevado do que quando está sobre a mesa”, conta a terapeuta.
Feitas essas adequações, as professoras perceberam que, agora, ele presta mais atenção nas aulas. As adaptações passaram também pelo mobiliário, uso de cores de alto contraste, tamanho e formas dos objetos apresentados. Na alimentação escolar, Vítor ganhou um prato com bordas e antiderrapante, o que facilita o manuseio com a colher.