Continuando a divulgar o que tivemos de Audiodescrição no Festival de Curitiba. No último dia de Festival, 7 de abril, fui assistir à peça “A Palavra Escrita do Muro”. O espetáculo teve audiodescrição de Livia Motta, da Ver com Palavras e apoio Riole. Mesmo com divulgação nos grupos de whatsapp sobre Audiodescrição, tivemos apenas duas pessoas com deficiência visual, uma idosa e três audiodescritoras.
Conversando com Livia Motta, me senti responsável e compartilho a responsabilidade com outros audiodescritores em Curitiba. É preciso, acima de tudo, pensarmos melhor na formação de plateia. Nos juntar para levar mais pessoas com deficiência visual, além de idosos e outros grupos que se beneficiam da Audiodescrição. Nesses grupos incluem pessoas com autismo, deficiência intelectual e déficit de atenção. Além disso, é preciso, sim, prestigiar nossos colegas, colaborar para o crescimento do outro. Pela razão que não devemos pensar na nossa categoria, ainda não regulamentada, como concorrentes, mas pensar na essência do porque estamos realizando este trabalho de inclusão.
O resultado dessa união só irá melhorar a qualidade da Audiodescrição. Por consequência, teremos mais produtoras interessadas em levar acessibilidade para os espetáculos. Teremos, como consequência, mais público, mais pessoas se beneficiando desse recurso de comunicação imagética, que veio para incluir pessoas, que estavam à margem dos eventos culturais em nossa cidade.
Hellen Mieko Hamada, umas das pessoas com deficiência que acompanhou a peça com Audiodescrição, concorda que é preciso formar público em Curitiba. “Divulgo entre meus colegas, mas precisamos trazer mais pessoas com deficiência no teatro. Infelizmente, são poucas as pessoas que vêm e sempre encontramos as mesmas. Precisamos pensar numa forma melhor de atrair esse público”, diz. Hellen é uma consumidora de cultura, participou de vários espetáculos do Festival de Curitiba, com e sem audiodescrição. Com o recurso assistiu mais duas peças: “Tistu, o Menino do Dedo Verde” e “Dogville”. Para ela, a Audiodescrição permite ver detalhes das cenas e do cenário. “Tenho certeza que tive um melhor entendimento. Com esse recurso pude ter acesso inteiro aos espetáculos”.
Sobre a peça
“A Palavra Escrita no Muro” aconteceu na Basement Cultural, aberto em agosto de 2017. O Basement, vizinho do Cemitério Municipal, Praça do Gaúcho e Bar do Pudim, é uma mistura de bar, casa de shows, balada e espaço cultural. A peça trata sobre moradores de um prédio tem a vida alterada depois que alguém, não se sabe quem, picha uma palavra incompreensível no muro da frente. Logo, pinta-se o muro, mas a palavra volta. Pinta-se o muro de novo e a palavra volta. Com isso, o condomínio fica famoso e um cineasta decide registrar tudo em um documentário.
Ficha Técnica
Companhia Em Jornada. Direção: Maria Carolina Dressler. Companhia: Alexandra Deitos, Andréia Paiva, Daniel Ramos, Flavio Cafiero, Isa Santos, Maria Carolina Dressler, Michelle Paim, Raoni Reis.
#pracegover Fotografia colorida do grupo de atores com pessoas com deficiência e audiodescritores, logo após a peça. Da esquerda para direita: Andréia Paiva, Joselba Fonseca, Terezinha Aparecida, Livia Motta, Brisa Teixeira, Michelle Paim, Maria Lucia, Daniel Fernandes e Hellen Mieko Hamada, na frente do palco do Basement Cultural. (Audiodescrição e foto tirada do Facebook de Livia Motta).